Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco, de seu nome completo, nasceu em Lisboa no dia 16 de março de 1825. Com uma breve passagem pelo curso de Medicina, estreia-se nas letras em 1845 e em 1851 publica o seu primeiro romance, Anátema. Em 1860, na sequência de um processo de adultério desencadeado pelo marido de Ana Plácido, com quem mantinha um relacionamento amoroso desde 1856, Camilo e Ana Plácido são presos, acabando absolvidos no ano seguinte por D. Pedro V. Entre 1862 e 1863, Camilo publica onze novelas e romances, atingindo uma notoriedade dificilmente igualável. Tornou-se o primeiro escritor profissional em Portugal, dotado de uma capacidade prodigiosa para efabular a partir da observação da sociedade, com inclinação para a intriga e análise passionais. Considerado o expoente do romantismo em Portugal, foi autor de obras centrais na história da literatura nacional, como Amor de Perdição, A Queda dum Anjo e Eusébio Macário entre inúmeras outras.
A relação de Camilo com Penafiel, começa logo com a amizade que manteve com Rodrigo de Freitas Beça, reputado médico penafidelense e homem ligado à cultura local, sendo de destacar igualmente a sua faceta de jornalista, tendo publicado vários artigos sobre o pseudónimo de Padre Serapião d’Algures, onde apresentava a sua visão critica relativa a diversas produções literárias, em jornais como “ O Cronista”, “O Povo e a Carta”, sendo co-fundador com José Cotta e António Joaquim de Araújo ( pai de Joaquim de Araújo) da “Gazeta de Penafiel”, cuja primeira edição saiu a 5 de janeiro de 1870. Trocou com Camilo Castelo Branco pelo menos 14 cartas, entre o período de 1860 a 1861, dado terem ambos colaborado no jornal “O Porto e a Carta” onde Camilo assinava com o pseudónimo de “José Mendes Enxúndia”, tendo inclusive o escritor ficado alojado em Penafiel em casa de Rodrigo de Freitas Beça, sobretudo em períodos conturbados da sua vida com Ana Plácido, aproveitando ambos para trocarem algumas criticas literárias. Talvez fruto desta ligação, as referências a Penafiel na obra de Camilo são várias, como se pode constatar por exemplo nas “Memórias do Cárcere” onde nos fala de Zé do Telhado com quem partilhou cela na Cadeia da Relação do Porto, bem como quando menciona o seu encontro com João Nunes Borges de Carvalho, o célebre Tenente de Milhundos, fervoroso apoiante de D. Miguel, numa das suas passagens por esta região. Não esquecer ainda“ A Queda de um Anjo” e a “soberba” chegada de D.ª Teodora Barbuda de Figueiroa, esposa traída do protagonista, o Morgado de Agra de Freimas, Calisto Elói de Silos e Benevides de Barbuda, pela “Rua Cimo de Vila”(atual Rua Alfredo Pereira), na sua viagem para Lisboa. Não nos podemos esquecer ainda das amizades com os penafidelenses Germano Vieira de Meireles, ligado sobretudo a seu sobrinho António de Azevedo Castelo Branco, de quem foi condiscípulo, tendo fundado em 1874 com Camilo e Alberto Sampaio a empresa “Leitura para todos” sendo igualmente um dos intervenientes na reconciliação entre o romancista e Antero de Quental. Ainda uma referência a Joaquim de Araújo que foi orador no funeral de Camilo, tendo sido editado na sua sequência o panegírico fúnebre” Sobre o túmulo de Camilo”, mais tarde traduzido para italiano e editado em 1896, quando o mesmo era cônsul de Portugal em Génova. São também várias as cartas trocadas entre Joaquim de Araújo, Camilo Castelo Branco e Ana Plácido, sobretudo entre 1882 e 1888. Finalmente também uma palavra para a amizade com o Padre Francisco de Paula Mendes, que se notabilizou também como jornalista e a quem o autor chegou a ir visitar a sua casa, no lugar de Vila Cova, Penafiel. Cego e impossibilitado de escrever, suicidou-se com um tiro de revólver a 1 de junho de 1890 na sua casa de S. Miguel de Seide, em Vila Nova de Famalicão. Camilo Castelo Branco tem seu nome inscrito na toponímia penafidelense, mais concretamente, numa rua situada em Novelas.